Viviani Leite, 31 anos, virginiana, nascida e criada nas margens do rio paraíba, na rua da feira de quinta feira em Santana, São José dos Campos. Atualmente morando no centro de São Paulo. As imagens aqui mostradas são feitas do meu celular, pelos caminhos e histórias que ando fazendo pelos meus dias. PERCURSOS E IMPRESSÕES.

12 novembro 2007

Fim de semana

Em todos os cantos, mazelas!
Dentro de mim, revoltas!
Porque? eu pergunto...
As respostas não aparecem,
Mas há poesia nisso tudo,
E isso me consola.

29 outubro 2007

A vida, meu caro! Ah, doce e intensa vida...

São Paulo, 29 de outubro de 2007.

Meu caro amigo,

Ontem passeando pela cidade, num fim de tarde cinzento e fresco e quente e mudo, me questionei sobre tantas coisas! Mas não foram questionamentos de lamentos, ou desejos não saciados, foram perguntas tranquilas e até mesmo coloridas. A vida nessa cidade está tão louca, que até parece comigo. Acho que estou tendo um caso de amor com essa cidade, ela não é bonita, mas é tão intensa que me deixa assim paralisada, que nem quando a gente acha que encontrou o amor da nossa vida e fica olhando de longe esperando a hora certa, pra falar a coisa certa, com as palavras certas pra que ele perceba que você existe e te chame pra dançar. Sabe, cada vez que passo por um lugar que ainda não passei me espanto, um amigo daqui me diz que fico com olhos de coruja. Eu que sempre adorei corujas, fico lisonjeada de ter comparado meus olhos com os olhos das corujas. E acho que fico assim mesmo, arregalada pro mundo, meus olhos são os reflexos dos que sinto inteira, eles não mentem. Mas voltando as perguntas que ando me fazendo, como é bom poder fazer perguntas e procurar as respostas. As vezes eu não acho nenhuma não, mas buscar pro elas é tão bom e fascinante, que me acalanto na exitação da vida e me exalto. Outro dia voltando do trabalho, encontrei um homem que estava assustado e eu com essa minha mania de conversar com as pessoas que não conheço perguntei a ele o que havia acontecido. Ele respondeu que a filha nascera naquele dia, tinha deixado de ser um homem pra ser um outro por um acontecimento tão forte como esse que é ser pai e ter responsabilidades de pai. Na hora não soube o que dizer, mas meus olhos disseram. E disseram qualquer coisa como se acalentassem aquele desespero de ser outro de uma hora pra outra. Fui pra casa com um pouco da sensação que também era outra.
Tenho ficado muito sozinha também, e essa solidão me dá a sensação que me tenho por inteira, e comigo me sinto mais a vontade pra me transfomar. Eu preciso te contar que eu não sou mais a mesma, mas você me conhece tão bem, que muitas de mim você já conheceu e sabe que isso não é nenhuma novidade. Mas agora nessa cidade, vivendo esse caso de amor, as transformações são tão grandes que as vezes me olho no espelho e pergunto: "quem está aí?", mas não me assusto não. Meu amigo, não me ache pretensiosa demais, é que estou descobrindo tanta coisa que não caibo mais em mim. Essa cidade e essas muitas que eu sou e me torno a cada dia, fazem com que eu me sinta viva. E se sentir viva é algo tão mágico e feroz que me dá medo e êxtasê! Sabe, tenho descoberto lugares e pessoas que me emocionam tanto, que fico assim perplexa pensando que a mudança do mundo é possível.
A mudança do mundo é possível, mas a salvação é sempre pelo risco!
Bernanos, um escritor francês tem uma frase que gosto muito que diz que a avareza e o tédio danam o mundo. Penso que a avareza da qual ele se refere, não é essa avareza do dinheiro não. É avareza dos sentidos e sentimentos que muita gente se nega a sentir. E se negar a sentir os sentimentos que podemos sentir nos dana e nos enche de tédio e torna o mundo assim, danado no pior sentido.
A salvação é sempre pelo risco meu amigo e salve-se quem puder!

Abraços calorosos,

Viviani ou quem quer seja, mas se sente viva e é isso que importa!

Domingo



Minha visão na madrugada

Théatre du Soleil




15 outubro 2007

domingo

Praça da República


Feriado





Praça Roosevelt - Satyrianas
Rio Tietê
Marginal

08 outubro 2007

Estranhezas

Geometria

Estrangeira

Eu sou estrangeira de mim mesma. Alma cerrada, vagando por esse espaço sem encontrar uma terra que pertença, sem encontrar um pertence nessa terra...Estrangeira que sou, ando assim pelas estradas noturnas, procurando abrigo, colo, abraços, conversas, observando o mundo. Paralelos.Eu como estrangeira de uma terra sem fim, vivo procurando algo que me faça sentir a vida como brasa. Quente e forte. Potente, fortaleza!Me sinto assim sem lugar no mundo, encontrando corpos cheios de vontade e vida. Pessoas especiais que participam de mim, que emanam de mim, que me encantam, e derramam um bálsamo de querer-bem-estar-contigo-agora-e-sempre.Eu, eu mesma! Estrangeira com porto definido pelo porto seguro de tuas mãos em meus cabelos em noite de lua cheia, em noites de lua vaga. Estrangeira que sou me sinto bem assim, com você dentro de mim!Estrangeira que sou, me sinto livre pra não ser de lugar algum. Me sinto livre pra ser de algum lugar por algum tempo. O meu passaporte é a lembrança que carrego da vida. Memória de minha pele.Não pertenço ao mundo, ele é que me pertence. Eu não sou estrangeira do mundo, sou estrangeira de mim mesma. As vezes não me (re)conheço, olho através de mim, e não sou eu que estou por aqui.As vezes me perco.Me perco querendo me encontrar, é verdade, mas perdida fico entre vagar por entre nuvens e brisa e vento e chuva, até mesmo tempestade! E me achar no meio desse clima insólito e lento é difícil e árduo e gostoso e breve momento...Eu, estrangeira vivo a recortar momentos pra colar no fio que se forma minha vida faminta e cheia de desejos, consternação, indignação, paixão e vontade de me perder novamente, pra poder me encontrar comigo mesma. Paradoxo!Eu estrangeira de mim, me largo, me solto, me perco. Não procuro respostas, apenas quero ser assim mesma, sem fronteiras, sem porto, nem milagres...apenas SER...Interno, íntimo...EU
Caminho de casa
O caminho.